domingo, 29 de março de 2015

Sempre no Ar



Texto e reprodução fotográfica enviado pelo jornalista Frutuoso Chaves.


SEMPRE NO AR – Foi este o título da matéria que produzi para a extinta A CARTA, edição com data de 25 de janeiro de 1992, sobre os 55 anos de existência então completados pela Rádio Tabajara. O assunto me veio à mente em razão da foto a mim enviada (do radialista Paschoal Carrilho com Cauby Peixoto) pelo amigo Guy Joseph, homem que, entre seus muitos talentos, agrega o de vigoroso pesquisador da cultura, das artes e dos costumes paraibanos.
Diz o texto escrito, há mais de 23 anos, para a Revista de Josélio Gondim:

Na Paraíba, tudo começou com a Rádio Clube, em 1932. Era uma época em que a radiofonia brasileira emergia da iniciativa de um ou outro grupo de pessoas organizadas em agremiações para a difusão de músicas. Descobertas durante a revolução industrial do Século 19, as ondas hartezianas já permitiam a consolidação do rádio como fenômeno de massa na Europa e Estados Unidos desde a segunda década do Século 20. E seria um paraibano o primeiro brasileiro a falar pelo rádio. Transcorria 1922, o ano do Centenário da Independência, fato que levou os coordenadores da festa a importar uma aparelhagem radiofônica e os primeiros receptores para a transmissão do discurso do Presidente da República, Epitácio Pessoa.
Em 1923, o pioneirismo de Roquete Pinto favorecia a implantação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, transformada, posteriormente, naquilo que hoje é a Rádio MEC, vinculada desde sua origem ao Governo Central.
Como o nome indica, as Rádios Clubes, ou Rádios Sociedades, não passavam de grêmios dependentes da contribuição mensal de associados, já que inexistiam os departamentos comerciais que hoje garantem o faturamento de qualquer emissora mediante a divulgação de produtos do comércio ou da indústria.
E foi nesse clima que surgiria em João Pessoa a Rádio Clube da Paraíba conduzida por gente como o empresário Oliver Von Sohsten, o prefeito José de Borja Peregrino e a professora Hortense Peixe. O exemplo era o da Rádio Clube de Pernambuco, cujo sinais já atravessavam limites territoriais com as primeiras propagandas da firma Alimonda Irmãos e do sabonete Tabarra, como lembra o historiador José Octávio.
Em 1934, a programação da Rádio Clube da Paraíba ganhava espaços em “A União”, o jornal do Governo do Estado. Faziam sucesso “as gravações escolhidas por senhoritas da sociedade para a hora do jantar”. Quem tivesse discos poderia levá-los para difusão. Em 1936, a Rádio Clube pegava fogo e oferecia a primeira mão de obra para a segunda emissora paraibana, a PRI-4 Rádio Tabajara.
ESTADO NOVO – Em 1935, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro tinha sua criação inspirada pelo centralismo estatizante do Governo de Getúlio Vargas. O Estado começava a perceber a força do rádio e, no mesmo ano, surgia o noticiário “A Hora do Brasil”.
Em perfeita sintonia com o Estado Novo, o interventor Argemiro de Figueiredo decidia criar a Tabajara, inaugurada em janeiro de 1937. E, desde então, ninguém usaria a rádio oficial da Paraíba tão bem como o fez Argemiro que encomendou noticiário equivalente ao da “Hora do Brasil” e iniciou contato com as Prefeituras para transmiti-lo por meio de alto-falantes em praças e prédios públicos.
José Octávio lembra que a Tabajara não nascia sozinha. Em dezembro do mesmo ano, surgia o Departamento de Estatística e Publicidade para a coordenação do serviço de estatística, propaganda e radiodifusão no Estado. Como o de Getúlio, o Governo de Argemiro se preocupava com o estatismo e o controle de opinião.
Mas a orientação política conservadora e centralista de Argemiro não o impediria de realizar um governo voltado para o fortalecimento da economia estadual e a urbanização de João Pessoa. A PRI-4, enquanto isso, promovia o interventor junto às chefias rurais nas quais se apoiava politicamente.
Nos anos seguintes, a velha Tabajara consolidava o prestígio, exibindo algumas singularidades. Ganhou, por exemplo, o primeiro prédio especificamente construído para uma emissora de rádio no País. Situado na antiga Rua da Palmeira (hoje, Rodrigues de Aquino), o prédio terminaria demolido pelo ex-governador Wilson Braga a fim de abrir espaços para as novas instalações do Tribunal de Justiça.
Nos anos de 1940 e 1950, a sede da Rodrigues de Aquino atraia multidões para programas de auditórios nos quais se apresentavam, rotineiramente, os nomes de maior expressão do cancioneiro popular, como se costumava dizer naqueles tempos. Não raramente, o público paraibano comprava ingressos para ver, no palco da Tabajara, atrações internacionais a exemplo do cantor Bievenido Granda.
FASE DE OURO – Transcorria a fase de ouro do rádio e a Tabajara não ficava atrás. A Orquestra Tabajara, do famoso Severino Araújo, surgiria cinco anos depois da criação da emissora. Em programas como “Matinal do Guri” e “Expresso da Alegria” exibiam-se as Irmãs Batista, Emilinha Borba, Ângela Maria, Marlene, Alcides Gerardi, Cauby Peixoto, Orlando Silva e donos de outras vozes nunca ausentes do gosto e da alma dos brasileiros.
Pelos microfones da Tabajara também passariam alguns dos personagens mais importantes da cena política e cultural da Paraíba. É o caso de locutores como Humberto Lucena, Abelardo Jurema, Fernando Milanez, Paulo Pontes e o atual editor de A CARTA, Josélio Gondim. Deixando a Tabajara, com bolsa de estudo concedida por Assis Chateaubriand, Josélio terminaria integrando o cast de locução da Rádio Tupy, em São Paulo.
A Tabajara ainda teve o mérito de revelar as vozes mais famosas da radiofonia paraibana, em meio às quais as de Paschoal Carrilho, Gilberto Patrício, Otinaldo Lourenço, Paulo Rosendo, Marconi Altamirando e Francisco Ramalho.
“Nossos esforços, hoje, se voltam para a formação de um acervo que resgate muitas dessas vozes”, conta o atual dirigente da Tabajara, o jornalista e publicitário Deodato Borges, que acalenta o sonho de implantação, ali, de um Museu do Rádio.
Em sua administração, a Tabajara vai ganhar transmissor de 25 KW, orçado em Rr$ 100 milhões e já parcialmente pago. “É a última palavra em transmissor. Dispõe de um sistema direcional que evita a propagação de ondas para o mar e vai fazer a Rádio chegar ao município de Cajazeiras, na fronteira com o Ceará com som local”, garante Deodato.
A festa de aniversário da emissora, neste dia 25, incluirá a participação de cantores nacionais contratados para a Festa do Sol, promoção da Empresa Paraibana de Turismo para shows ao ar livre, no Verão de João Pessoa. Para quem faz hoje a Tabajara, essa festa tem um certo sabor do passado.


sábado, 7 de março de 2015

Hino do IV Centenário da Paraíba



A M&G Propaganda, extinta agência de publicidade, venceu licitação para organizar uma grande exposição comemorativa aos 400 anos da Paraíba. A expo tinha como objetivo fazer um retrato da Paraíba e do homem paraibano, em seus mais variados aspectos, culturais, literários, musicais, folclóricos, intelectuais e artísticos. A exposição percorreu quase todo o Estado da Paraíba, numa verdadeira maratona de montagem e desmontagem em cada cidade visitada.
Uma das ações previstas seria a criação de um hino que marcaria os festejos do IV Centenário e para isso, contratamos o trabalho do compositor paraibano, Marcos Vinícius de Andrade, que fez parceria com o mestre Sivuca, na elaboração da obra musical. Aprovado o Hino, foi providenciada a gravação de um disco compacto de vinil que seria distribuído entre os alunos da rede pública de ensino. O Hino foi apresentado ao público em maio de 1985, durante espetáculo realizado no Espaço Cultural José Lins do Rego.
A Exposição Itinerante do IV Centenário da Paraíba, exibia um vídeo, contendo entrevistas, com personalidades do mundo artístico e cultural. 
Essa foi a primeira vez que a tecnologia de imagens em vídeo foi utilizada numa apresentação pública em telão. As imagens deste clipe faziam parte da exibição na exposição.

quinta-feira, 5 de março de 2015

A Pedra do Reino

Flávio Tavares, Wills Leal e Roseli Garcia. Fotógrafo e data desconhecidos.

Em evento cultural, Wills Leal fala aos presentes, ladeado pelo pintor Flávio Tavares e Roseli Garcia, dona da Galeria Gamela. Por trás, o painel "A Pedra do Reino" de Flávio, inspirado na obra de Ariano Suassuna.