sábado, 20 de dezembro de 2014

TERRA DA GENTE PARAÍBA - O VIDEOCLIPE


A Paraíba, de belezas naturais, históricas e arquitetônicas, ainda é uma terra desconhecida, inclusive entre seus próprios habitantes. A fim de revelar os potenciais turísticos, culturais e ecológicos que o Estado abriga em suas fronteiras, o fotógrafo Guy Joseph realizou a "Expedição Terra da Gente Paraíba", cuja proposta era percorrer o Estado sobre quatro rodas, apresentando em imagens digitais os aspectos ambientais e as peculiaridades da cultura local, num verdadeiro tour fotográfico inspirado nas expedições realizadas por Câmara Cascudo e Mário de Andrade no século passado. A expedição durou três anos e percorreu quase toda a Paraíba.
A meta traçada pela Expedição Terra da Gente Paraíba se concretizou na publicação do livro de fotografias, além de uma exposição contendo os dados e as imagens dessa grande aventura. O livro Terra da Gente Paraíba, hoje esgotado, representa um verdadeiro retrato da Paraíba e chegou a atingir diversos países, como: Inglaterra, Portugal, Japão, EUA, França, Angola, Argentina, Alemanha, Israel, Chile, Itália, entre muitos outros, cujos leitores desses destinos adquiriram o livro. 
A expedição procurou, preferencialmente, caminhos alternativos e localidades fora do roteiro já conhecidos dos grandes centros urbanos. 
O vídeo clipe mostra um pouco do que foi a maravilhosa aventura, pelos quatro cantos da Paraíba, desbravando e documentando o que foi sendo descoberto durante a fascinante trajetória.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Fortaleza de Santa Catarina - Projeto

Brasão Real em alto-relêvo nos canhões da Fortaleza de Santa Catarina - Cabedelo - Brasil ©Guy Joseph
Desde o início de sua fundação, a Fortaleza de Santa Catarina, construção do século XVI, sofreu o descaso dos governantes, que ora a deixavam com pequeno número de defensores, tornando-a alvo fácil de ataques, ora a abandonavam completamente, segundo relato do historiador Benedito Calixto. Tombada como patrimônio histórico, desde 1938, a fortaleza passou várias décadas abandonada, em ruínas.
O fascínio e interesse pela Fortaleza de Santa Catarina vem desde a minha infância, quando a visitei pela primeira vez em 1955. Eu tinha oito anos de idade e a Fortaleza, já se encontrava tombada como monumento histórico, completamente abandonada, em ruínas, sofrendo a ação do tempo, dos vândalos e dos ladrões, que chegaram a levar até alguns canhões. Na minha tentativa de conhecer melhor a sua história, pouco havia sido escrito, obrigando a minha imaginação a completar os fatos e ações que poderiam ter acontecido durante a existência da secular edificação.

Só podemos amar o que conhecemos e acredito que a preservação da nossa memória passa pela atenção que possamos dar aos nossos bens culturais, assim como o uso e ocupação adequados, proporcionando o conhecimento da história e dos significados dos símbolos que fazem parte da nossa formação política, econômica e social.
Estou convencido e acredito mesmo, que, publicar um ensaio fotográfico sobre a Fortaleza de Santa Catarina, em mídia impressa, produzir um filme curta metragem em vídeo e realizar uma exposição fotográfica com imagens da Fortaleza, poderá ser a minha contribuição para a difusão de sua rica história, despertando o interesse e mobilizando as pessoas para a sua preservação, ocupação e o uso inteligente de um bem cultural que tem muito que contar sobre a nossa história.
Restaurada, a Fortaleza de Santa Catarina se encontra sob a administração da Fundação Fortaleza de Santa Catarina desde 1995, aberta à visitação pública.
Estamos em fase de produção para realizar um filme curta metragem, com duração de 15 minutos, tendo como tema a Fortaleza e dando prioridade a qualidade e beleza plástica da fotografia em tomadas de grande impacto visual. O fime deverá ser duplicado em DVD com tiragem de 1.000 cópias e exibido em sessão avant-premier. Antes da sessão de exibição do vídeo, o público será convidado a visitar a minha exposição fotográfica, contendo sessenta fotos, com o mesmo tema da histórica Fortaleza. O evento terá lugar nas seculares dependências da Fortaleza, que dispõe de estrutura física, para abrigar o lançamento e receber os convidados.


terça-feira, 20 de maio de 2014

Fernando Teixeira - Esparrela


Fernando Teixeira, em 2009, apresenta o monólogo Esparrela em Bananeiras-PB.



O Grupo de Teatro Bigorna comemora seus mais de 40 anos de atividade teatral na Paraíba, apresentando o monólogo Esparrela, com texto, direção e atuação de Fernando Teixeira.
A estréia da peça em maio de 2009 também marcou a inauguração da sala preta do grupo Bigorna, localizada no antigo Cilaio Ribeiro (Centro Cultural do Terceiro Setor Thomas Mindelo), na praça Aristides Lobo, s/n, no Centro de João Pessoa.
Desde sua estréia, Esparrela tem conquistado o púplico e a crítica especializada por onde passa. Foi convidado para participar da etapa Paraíba do Festival Palco Giratório 2009, em setembro deste ano, em Campina Grande. Em outubro foi um dos convidados do Festival Aldeia Sesc - Uma Ação do Palco Giratório, em João Pessoa. Em novembro o espetáculo realiza três apresentações como convidado da Mostra SESC Cariri de Artes.
Paralelamente, o monólogo de Fernando Teixeira circulou pela Paraíba até o mês de dezembro. A circulação é através de projeto contemplado no Programa BNB de Cultura, que conta ainda com o espetáculo infantil "Volver e Fazer", dirigido por Fernando Teixeira.

* “Em sua Esparrela, Fernando Teixeira nos propõe um exercício de perceptivo calcado na imaginação. Nesse jogo, sabemos o tempo todo que está diante de nós o ator, desnudado de recursos e basicamente com seu corpo como instrumento de trabalho. Temos a plena noção de que a realidade concreta não se põe mais do que tablado, um tambor, e um ator, mas nesse espírito imaginativo apraz-se de tal maneira que, por vários momentos, os olho e os ouvidos insistem em convencer-nos de uma nova realidade, impondo-nos uma dúvida: será um homem isto que se coloca diante de nós?”,

*Por José Tonezzi – Professor Doutor do Departamento de Artes Cênicas da UFPB.

domingo, 18 de maio de 2014

Frutuoso Chaves

Entrevista


Publicado por Tião Lucena em 15/12/2011 no Blog do Tião Lucena


"O jornalismo atual perdeu a compostura"

Entrevista com Frutuoso Chaves

Ele foi o mestre de uma geração de jornalistas. Não que seja velho, passado nos anos, isso não. É que começou cedo, ainda menino, forçado pelas circunstâncias e necessidades de garoto vindo do interior, como, aliás, foram todos os outros que por suas mãos passaram. Costumo dizer que se não fosse Frutuoso Chaves, eu não seria esse arremedo de jornalista que vos fala. Trago-o hoje a este espaço com o orgulho do aluno que reencontrou o professor, com a honra desmedida do pupilo grato ao mestre que, com carinho, respeito e em certas horas muito rigor, o encaminhou nesta selva de pedra chamada imprensa.

1 - Você foi mestre de uma geração de jornalistas, na qual me incluo, juntamente com Chico Pinto, Edmilson Lucena e Wellington Farias. O que isso representou para o jornalista Frutuoso Chaves?

Frutuoso - Caro Tião. Éramos um grupo de jovens a aprender uns com os outros. Um pouco mais adentrado nos anos, eu me valia do fato de haver tido no jornal meu primeiro emprego. Não no jornalismo, porque, ainda novo, a velha A União me recebia como contínuo. De todo modo, foram portas que se abriram para minha convivência diária com profissionais do porte de um Biu Ramos, um Gonzaga Rodrigues, um Barreto Neto, um Marcone Cabral. Você imagina a força de atração exercida sobre um aluno do Liceu por um grupo de que também participavam figuras da expressão de um Linduarte Noronha, ou um Paulo Pontes? Pois é, companheiro. Não tive como escapar.
Naqueles idos de 1966, por aí assim, eu aprendi os sinais de Revisão e me livrei do espanador. Na Redação capitaneada por José Souto (transcorria o Governo de João Agripino), virei tradutor de telegrama.
A tarefa consistia em dar forma jornalística aos despachos que nos chegavam, em linguagem telegráfica, das agências de notícias. Devo a isso a intuição de técnicas de codificação do jornalismo que, anos depois, me permitiriam produzir textos finais para redações do Rio e São Paulo. O acaso também me fez, ainda muito jovem, editorialista do jornal do Governo sob a batuta do mesmo Souto. Eu havia escrito algo sobre o centenário do Barão de Munchausen, o escritor que encantava sucessivas gerações de leitores, no mundo inteiro. Mostrei o texto a Marcos Tenório, o secretário de redação, que resolveu publicá-lo no espaço reservado aos editoriais de A União. Na manhã seguinte, Souto me chamava ao gabinete e me delegava o espaço. Função nova, mas
salário velho, aquele de office-boy.
No governo de Ivan Bichara, com Souto no comando do Jornal, fui feito Chefe de Reportagem. Tenho as melhores recordações dessa fase da minha vida profissional. Aguinaldo Almeida na Editoria e eu, a conviver com vocês todos, em sala no centro da cidade, a uns 15 quilômetros da sede d’A União, que já então funcionava no Distrito Industrial. Procurava, ali, repassar a vocês o pouco que havia aprendido em uma profissão na qual o aprendizado não deixa de ser diário e constante, quando se deseja ser correto e honesto. Pouca coisa me comoveu tanto quanto um comentário recente de Aldo Lopes (que me conheceu no comando d’O Norte) escrito debaixo de uma foto que registrava minha presença no lançamento do teu último livro, Tião. Escreveu Aldo, referindo-se a mim: “Com ele aprendi a ter vergonha”. Espero, com todas as forças,
que este tenha sido meu maior legado a vocês.

2 - Naqueles idos o repórter secava a canela para pegar uma matéria. Hoje a coisa está mais fácil. O jornalismo perdeu o romantismo?

Frutuoso – Perdeu mais do que isso. Perdeu a compostura, ressalvada uma ou outra exceção. O telefone celular, a internet, o gravador digital quase imperceptível (lembras daquelas geringonças pesadas, de fitas cassete?), milagres tecnológicos a serviço da informação, não têm servido, infelizmente, ao bom jornalismo. Nunca as redações
grandes e pequenas estiveram tão partidarizadas. Estabeleceu-se o espírito de manada, uma ética seletiva que expõe os podres dos inimigos, enquanto esconde os dos amigos. Quer um exemplo? A grande mídia, pródiga em denúncias contra qualquer governo de origem trabalhista (desde Getúlio Vargas), faz vista grossa para o que talvez seja o maior escândalo político da nossa história republicana: aquele de que trata o livro do jornalista Amaury Ribeiro, um sucesso editorial estrondoso (30 mil exemplares vendidos em 48 horas). Só sabe disso quem busca o tema na blogosfera, via Observatório da Imprensa, Luis Nassif, Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna e similares. A mesma partidarização toma conta das redações menores, inclusive na Paraíba. Aqui, você conhece as preferências de empresas e jornalistas depois da leitura do lead.

3 - Parece que, de todos aqueles gigantes de 75, você é o único que continua vivendo somente do jornalismo. Isso é fácil ou difícil?

Frutuoso – Não posso dizer que esteja vivendo do jornalismo. Vivo, essencialmente, da assessoria de imprensa do Tribunal de Contas. Este, aliás, é o terceiro Tribunal que eu assessoro, desde que deixei a Sucursal que o Jornal do Comercio me entregou, aqui, em João Pessoa. Antes disso, você lembra, fui repórter d’O Globo, por dez anos, vinculado à Sucursal do Recife. O Globo me pagava mais do que O Norte o fazia para dirigi-lo. E note que, na época, éramos a maior e mais importante Redação da Paraíba, A propósito, o aviltamento salarial praticado nessas plagas é o que tem empurrado muita gente nova para descaminhos profissionais. Não estou falando das assessorias políticas éticas e honestas. Pessoalmente, eu as tenho evitado por não desejar os estigmas. Mas não as condeno, quando declaradas e bem intencionadas. Sempre levando em conta, porém, que assessor produz informação. Não aluga a pena.

4 - A nossa imprensa hoje é mais livre do que aquela dos tempos em que começamos?

Frutuoso – Eu deveria ter feito a leitura completa de teu questionário. Ao invés disso, passei a responder aquilo que fui lendo. Mas vale a repetição: Ontem e hoje, a liberdade da imprensa é a liberdade do dono do jornal, da revista, da emissora de rádio ou TV. Mas a coisa já foi melhor. O pessoal de redação parece haver perdido de vez a coragem para contestar e contrapor, em benefício, sobretudo, da imagem da Casa. Conta-se que Roberto Marinho comentou, certa vez, a respeito de Boni: “Ele pensa que isso aqui é uma fábrica de sonhos. Não é. É de negócios”. Mas permitia que Boni empregasse comunista de carteirinha como Dias Gomes, cujo talento utilizou na criação do famoso padrão Globo de qualidade.

5 - Como você vê o comportamento dos órgãos de comunicação no trato das coisas do Governo?

Frutuoso – No plano nacional, você tem a mídia atrelada aos interesses de São Paulo. O coronelismo político tão criticado no Nordeste mudou-se de mala e cuia para as grandes empresas de jornalismo do País. As cinco famílias detentoras dos meios de comunicação mais dominantes teimam em fazer a pauta política nacional. Não se apercebem de que andam a perder público e eleições.

6 - Faça o perfil do jornalismo daqueles dias e o de hoje.

Frutuoso – Vamos falar do jornalismo da Província. As relações estão mais claras, hoje em dia. Você sabe, mais facilmente, quem está com quem. Os humores já não dependem tanto do aporte de anúncios do governo, porque há situações irreconciliáveis. Quem hoje passa a pão e água, entende que a dificuldade é passageira, torce pela volta do amigo ao Poder e a vida continua.

7 - Quem é Frutuoso Chaves? Como começou na imprensa? Em quem se inspirou para virar jornalista?

Frutuoso – Sou um operário da notícia sem muitos méritos e com dificuldade, agora mesmo, de conseguir a foto que você me pede para ilustrar, vamos dizer assim, essa entrevista. Acho que optei pelo jornalismo aos onze anos de idade, ainda sem muita consciência disso. Tinha saído de Pilar a fim de estudar no Recife. Os tios, com os quais
vivia, costumavam comprar a revista O Cruzeiro. Pois bem, folheando um desses exemplares, surpreendi-me com fotografias de Pilar, algumas em meia página. A saudade de casa apertou e fui ler o texto. O repórter, de quem não guardei o nome, tratava do mundo de José Lins do Rego. Reconheci pessoas e paisagens de cuja importância histórica e cultural somente então eu me dava conta. A descrição daquilo tudo me encantou. “Quando crescer, vou escrever para jornal”, pensei com os meus botões. Ô boca de praga.

8 - O nosso Brasil petista está bem, ou não melhorou?

Frutuoso – Numas coisas, sim. Noutras, continua na mesma. Nosso progresso social e econômico é indiscutível. Temos uma diplomacia que não mais tira o sapato em alfândegas americanas a mando do guarda e passamos a fazer parte do concerto das grandes Nações, com direito a voz e a voto. Elegemos à Presidência um sujeito feito em chão de fábrica, num momento em que o mundo, e não apenas o Brasil, parece
desencantado com expressões da velha escola política. Observe a eleição de um negro nos Estados Unidos e de um índio na Bolívia, sem falar da tentativa polonesa, aquela do Lech Walesa, que terminou em fiasco. Tudo isso parece um propósito universal de mudança. Outra novidade é uma mulher na Presidência do Brasil, por obra e graça do
antecessor, a cujo governo ela dá sequência. Mas nem tudo são flores. Ainda não reduzimos a contento os nichos da miséria nacional, nem superamos os males da corrupção, aqueles que a mídia tradicional alardeia, enquanto varre para baixo do tapete a sujeira dos amigos.

9 - Lembro que, quando o tinha como professor, o repórter tinha uma dificuldade danada para assinar matéria. Hoje todo fofa-bosta assina o nome em jornal. A imprensa vulgarizou-se?

Frutuoso – Há o nivelamento por baixo. O crédito de matérias banais parece uma forma de compensação a salários vergonhosos. A ordem é contratar mais com menos. Isso é processo iniciado na era do computador, instrumento que, no frigir dos ovos, serviu para a demissão de digitadores, revisores, emendadores e, mesmo redatores. Copidesque, hoje em dia, é como dinossauro. A meninada sabe que existiu, mas nem todos acreditam.

10 - Se você fosse escolher os dez nomes mais importantes da nossa imprensa, quais seriam os escolhidos?

Frutuoso – Você é doido? Vou arranjar briga com uns 90 amigos.

11 - A última questão, como de praxe, é livre, para o amigo colocar o texto que lhe vier na telha.

Frutuoso – Sei do enorme público do teu blog. Vou aproveitá-lo, portanto, para uma sugestão aos mais novos. Vocês querem penetrar nos bastidores do Brasil, de modo mais profundo e plural? Busquem, na internet, com jornalistas sérios, as informações que a mídia tradicional e seus colunistas escondem por conveniência própria, ou dos patrocinadores. Vocês vão se surpreender com o que não está nas manchetes. O livro de Amaury Ribeiro, por exemplo, fala (e dá nome aos bois) de um esquema de propina calculado, por baixo, em R$ 30 bilhões, o que torna bem suspeito o silêncio da mídia, da grande e da pequena, que vem a reboque das agências de notícias. É um silêncio que diz
muito da posição e dos interesses de uma imprensa que atiça CPI até para investigar gasto com tapioca. Quem não lembra?


sábado, 10 de maio de 2014

Saudades de João Pessoa



Por Petrônio Souto*


Caminho pelas ruas de João Pessoa como um índio na Avenida Paulista. Esse é o mal dos nascidos e criados na cidade. Qualquer mudança, alguma fachada em ruínas, um contemporâneo que morre, um galho de árvore que tomba, tudo nos diz respeito.
Outro dia, fiquei de baixo astral ao acompanhar a derrubada de uma caramboleira, em Tambiá. Ela fora a sombra gostosa do encontro com a primeira namorada. A velha casa transformada em clínica e a caramboleira retirada para o estacionamento. Perdi o dia.
Por que uma cidade bela e agradável se deteriorou da forma como João Pessoa se deteriorou, em pouquíssimas décadas? Penso que ocorreu com João Pessoa o mesmo que ocorreu com todas as capitais brasileiras. A “inchação” criou vasta periferia, sem infraestrutura, mas muito povoada. Em pouco tempo, a periferia passou a ter mais importância política, elege e derrota quem quer.
Como o grosso do eleitorado mora na periferia, as autoridades, por várias décadas, viraram as costas para o núcleo original da cidade. Esvaziado, sem voz e sem voto, sem poder político para nada, o centro foi sendo passado para trás.
Como diz a cronista Clotilde Tavares, “é difícil devolver ao centro da cidade a sua alma, o seu clima, a sua atmosfera, o seu charme...”. Não é exagero dizer que João Pessoa foi agradável até 1964. Depois vieram os conjuntos habitacionais. Com os conjuntos, surgiu outra cidade.
João Pessoa de hoje é assim: asfalto, cobrindo as pedras portuguesas de tantas caminhadas e os trilhos dos passeios de bonde nas tardes de domingo; o esguio poste ornamental de ferro, substituído pelo monstrengo de concreto que toma a calçada; o arranha-céu modernoso que se ergue no lugar do casarão dos amigos; as janelas, apodrecidas e sempre fechadas das varandas que foram flertes em dia de festa; a cidade-verde da propaganda oficial sem o mínimo apreço pelas suas árvores, rios, mangues, praias e lagoas; calçadas que não permitem a caminhada sem tombos, barulho de enlouquecer e a crescente privatização do passeio público.
Danado é que a crônica da destruição se dá em nome da modernidade... Modernidade jurássica, cujo motor é a trindade miséria, ignorância e corrupção.

*Petrônio Souto é jornalista.

sábado, 3 de maio de 2014

Walter Carvalho - Cineasta

Walter Carvalho com o fotógrafo Guy Joseph - Captação digital - câmera com 1 megapixel

Walter Carvalho durante o Cineport de 2007                                         ©Guy Joseph/2007
Walter Carvalho e Silva nasceu em João Pessoa - PB, em 14 de abril de 1947. Iniciou-se no cinema por influência do seu irmão, o documentarista Vladimir Carvalho, nos anos 1960. Sua primeira experiência no cinema é como assistente de câmera de Rucker Vieira no documentário curta metragem Os Homens do Caranguejo – ou a Propósito do Livramento, em 1968. No mesmo ano muda-se para o Rio de Janeiro para fazer a ESDI - Escola Superior de Desenho Industrial. Sua estreia como fotógrafo cinematográfico acontece em 1972 no curta Incelência para um Trem de Ferro, direção do irmão Vladimir Carvalho. Chega ao longa em 1977, no filme Que País é Este?, de Leon Hirszman. A partir dos anos 1980, torna-se um dos fotógrafos mais requisitados do cinema brasileiro, assinando filmes importantes como Terra para Rose (1988), Terra Estrangeira (1996), Central do Brasil (1997), Abril Despedaçado (2001), Veneno da Madrugada (2004), Chega de Saudade (2007). Pelo seu trabalho de fotografia no curta Passadouro, em 1999, recebe diversos prêmios nacionais e internacionais de melhor fotografia. Trabalha com destaque também na televisão, nas minisséries A Máfia no Brasil (1984) e Agosto (1993), e na novela O Rei do Gado (1996), sob a direção de Luiz Fernando Carvalho. Entre os mais de 40 prêmios que já recebeu, destacam-se os troféus em festivais internacionais voltados para fotografia, como o Camera Image, na Polônia, com o Golden Frog por Central do Brasil (1997), o Festival da Macedônia, com a Câmera de Prata por Terra Estrangeira (1996) e duas Câmeras de Ouro, por Central do Brasil (1997) e Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho. Por este filme recebe ainda os troféus de melhor fotografia nos festivais de Cartagena e Havana, o prêmio da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC) e o Grande Prêmio BR do Cinema Brasileiro. Paralelamente a carreira de fotógrafo, estreia na direção em 1978 no curta MAM- SOS. Chega ao longa em 2001 com Janela na Alma, codireção e João Jardim, Cazuza – o Tempo Não Pára (2004), codireção de Sandra Werneck e Budapeste (2009). É um dos mais importantes fotógrafos brasileiros. 
Filmografia: 1972- Incelência para Um Trem de Ferro (Curta Metragem); Velho Chico, Santo Rio (Média Metragem); 1973- A Gaiola de Ouro (Custa Metragem); 1975- Anatomia do Espectador (Curta Metragem); Quilombo (Curta Metragem); Viola Chinesa – Meu Encontro com o Cinema Brasileiro (Curta Metragem); 1976- Abre-te Sésamo (Curta Metragem); 1977- Brinquedo Popular do Nordeste (Curta Metragem); Jorjamado no Cinema (Curta Metragem); Memória Goitacá (Curta Metragem); Pankararu no Brejo dos Padres (Curta Metragem); 1977/81- Que País É Este? (Brasil, da Nação, do Povo) (Inchiesta Sulla Cultura Latino-Americana: Brasile) (Brasil/Itália); 1978- Boi dos Reis (Curta Metragem); Dia de Erê (cofotografia/ Ronaldo Forster); Nelson Pereira dos Santos Saúda o Povo e Pede Passagem (cofotografia/Hélio Silva, Sérgio Lins Vertis, Paulo Jorge de Souza e José A.Mauro); Substantivo (Curta Metragem); 1979- Cinema Brasileiro e Sua Comercialização (Curta Metragem); MAM - S.O.S. (Curta Metragem) (diretor de fotografia.); Waldyr Onofre (Curta Metragem); 1980- Boi de Prata; Cinema e Futebol (Curta Metragem); A Construção do Som (Curta Metragem); O Pulo do Gato; Tempo Quente (cofotofografia/ Douglas Lynch); 1981- Cinema: Embaixador do Brasil (Curta Metragem); (cofotografado por Tuker Marçal e Chico Drummond); Cinema, Infância e Juventude (Curta Metragem); Em Cima da Terra, Embaixo do Céu (Curta Metragem); O Homem de Areia; Jubileu (Curta Metragem); Missa do Galo (cofotografia/ Hélio Silva); 1982- Só no Carnaval (Curta Metragem); 1983- Cinema Paraibano – Vinte Anos (Curta Metragem); A Difícil Viagem; 1984- O Príncipe de Fogo (Curta Metragem); 1985- Brasília, Uma Sinfonia (Curta Metragem) (cofotografia/ Fernando Duarte e César Moraes); Duas Vezes Mulher (Curta Metragem) (cofot. Edgar Moura); Igreja da Libertação (MM); Pedro Mico; A Rocinha Tem Histórias (CM); 1986- Com Licença, Eu Vou à Luta; A Espera, Um Passatempo do Amor (CM); Geléia Geral (CM); 1986/1988- Uma Questão de Terra; 1987- Churrascaria Brasil (CM); Dama da Noite (CM); O Inspetor (CM); João Cândido, Um Almirante Negro (CM); Os Trapalhões no Auto da Compadecida; Terra para Rose (cofot. Fernando Duarte); No Rio Vale Tudo (Si Tu Vas a Rio...Tu Meurs) (França/Brasil); 1987/1990- Césio 137- O Pesadelo de Goiânia; Círculo de Fogo; 1989- Brasília, a Última Utopia (episódio: A Paisagem Natural e A Capital dos Brasis); Que Bom Te Ver Viva; Sonhei Com Você; 1990- O Mistério de Robin Hood; Uma Escola Atrapalhada; Blues; 1990/1992- Conterrâneos Velhos de Guerra (cofot. Alberto Cavalcanti, David Pennington, Fernando Duarte, Jacques Cheuiche, Marcelo Coutinho e Waldir de Pina); 1991- Assim na Tela Como no Céu; Nosso Amigo Radamés Gnatalli (cofot. Fernando Duarte); 1991- O Canto da Terra (MM) (dir., fot.) (codir. e cofot. Paulo Rufino e Marcelo Coutinho); República dos Anjos; Os Trapalhões na Árvore da Juventude; 1992- A Babel da Luz (CM); Calor Corazón (CM); Ecoclip, Planeta Água (CM); 1994- Erotique (episódio brasileiro: Final Call); 1995- Canudos: As Duas Faces da Montanha (CM); Cinema de Lágrimas; Socorro Nobre (CM); Zweig: A Morte em Cena (MM); Todos os Corações do Mundo (Two Billion Hearts) (Brasil/EUA) (cofotografia/ Cesar Charlone, Pedro Farkas, Carlos Pacheco, José Roberto Eliezer e Lúcio Kodato); 1996- Pequeno Dicionário Amoroso; Terra Estrangeira (Brasil/Portugal); 1997- Buena Sorte; O Amor Está no Ar; Central do Brasil; 1999- Adão, ou Somos Todos Filhos da Terra (Curta Metragem); O Primeiro Dia; Texas Hotel (CM); Notícias de Uma Guerra Particular (Média Metragem); 2000- Amores Possíveis; Passadouro (Curta Metragem); Villa-Lobos – Uma Vida de Paixão; 2001- A Canga (Curta Metragem); A Composição do Vazio (Curta Metragem) (cofotografia/ Jacques Cheuiche e Dante Peló); MAM: S.O.S. (Curta Metragem) (direção); Meu Filho Teu (Um Crime Nobre); Lavoura Arcaica; Abril Despedaçado; Janela na Alma (dir., fot.) (codir. João Jardim); 2002- Dercy Beaucoup (CM); Madame Satã; 2003- Amarelo Manga; Carandiru; Glauber o Filme, Labirinto do Brasil (cofotografia/ Fernando Duarte, Américo Vermelho, Erick Rocha, Marcelo Garcia, Philippe Constantine, Stephan Hess e Sil); Lunário Perpétuo (direção); 2004- Entreatos; Cazuza – O Tempo Não Para (direção) (codireção Sandra Werneck); O Veneno da Madrugada; 2005- Crime Delicado; A Máquina; Moacir – Arte Bruta (direção); 2006- Baixio das Bestas; BerlinBall (CurtaMetragem); O Céu de Suely; O Engenho de Zé Lins; 2007- Chega de Saudade; Cleópatra; Edu Lobo – Vento Bravo; Nove de Fevereiro (direção); Santiago; 2008- A Erva do Rato; O Homem que Engarrafava Nuvens; 2009- Budapeste (direção); Sonhos Roubados; 2010- O Início, O Fim e o Meio, Raul Seixas (direção); A Grande Jogada.

sábado, 19 de abril de 2014

O LP Independente do Sambachoro


Capa criada pelo publicitário e produtor, Guy Joseph - Rio de Janeiro/1977
O Grupo Sambachoro formado pelo Mestre Zé Paulo (cavaco), Zé Carlos Bigorna (flauta e sax), Betinho Maciel (violão), Adriano Giffoni (baixo), Fernando Pereira (bateria) e Carlos Miranda (pandeiro) em 1977. O grupo gravou o Long-play, com o título de "Sambachoro" pelo selo Musiquim do publicitário Guy Joseph, que acreditou no grupo e prensou o LP vendendo cinco mil cópias de forma independente. O disco foi bem aceito pela crítica e por músicos como Hermeto Pascoal, Altamiro Carrilho, Abel Ferreira e Severino Araújo. Algumas músicas desse disco viraram prefixo da Rádio Nacional e da Rádio Globo FM. Após 20 anos, o grupo voltou a se reunir, desta vez como um trio, e gravou o CD "Alma carioca". O Sambachoro tocava uma mistura de choro, samba, bossa nova, jazz e clássico. Veja mais no Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira www.dicionariompb.com.br/sambachoro.

Painel Excluído

O artista plástico e designer gráfico, Guy Joseph, criou esse painel para o Jornal O Norte em 1982, encomendado por Marcone Góes - superintendente. O inusitado era o suporte, feito com chapas de off-set gravadas com notícias históricas do Jornal, ao longo dos seus setenta e cinco anos. Tempos depois, as chapas de off-set foram arrancadas, para suprir necessidades de reciclagem de  material nas oficinas gráficas. Questionado, Marcone Góes alega que pagou pela obra, então podia fazer o que quisesse com ela!... o painel, não existe mais. Dizem que a sugestão de reutilizar as chapas off-set, partiu do poeta Marcus Tavares (então funcionário do Jornal), conhecido por sua verve e humor noir.


domingo, 13 de abril de 2014

VI CINEPORT - 2014



O cineasta, que dá nome à sala onde foi realizada a abertura do Cineport, Vladimir Carvalho, se encontrava na plateia ao lado do jornalista Gonzaga Rodrigues. Vladimir  foi um dos convidados para a solenidade de abertura da 6ª edição do Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa, que aconteceu em João Pessoa, na Usina Cultural Energisa.A anfitriã, Mônica Botelho, presidente da Fundação Ormeo Junqueira Botelho, que organiza o festival realizado a cada dois anos na Paraíba, deu às boas vindas a plateia. Em seguida, o pai de Mônica, Ivan Botelho, presidente do Conselho Administrativo da Energisa, anunciou que a empresa irá patrocinar uma estátua em bronze do poeta Augusto dos Anjos (1884-1914), que será aposta nos jardins da API - Academia Paraibana de Letras no ano em que é celebrado o centenário de morte do Paraibano do Século.O cheque de R$ 75 mil para confecção da estátua foi entregue pelo presidente da Energisa, Marcelo Rocha, e por Mônica Botelho ao presidente da APL, Damião Ramos Cavalcanti, que lembrou, em seu discurso, que o Ormeu Junqueira Botelho está enterrado no mesmo cemitério que o Poeta do Eu, em Leopoldina-MG.

sábado, 12 de abril de 2014

Marcélia Cartaxo | Sala de Cinema


Entrevista no programa Sala de Cinema - Comentários de Walter Carvalho.

Marcélia Cartaxo é uma atriz paraibana que foi descoberta por Suzana Amaral em uma apresentação teatral. Aos 19 anos interpreta Macabéia em "A Hora da Estrela", e com esta personagem aparece para o Brasil e o mundo. Ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Brasília e se consagra no Festival de Berlin. Tem quase 30 filmes na carreira. "Batismo de Sangue", de Helvécio Ratton, "Césio 137 -- O Pesadelo de Goiânia", de Roberto Pires e "Madame Satã", de Karin Aïnouz, estão entre eles.Nunca antes uma atriz brasileira havia ganho um prêmio em um grande festival internacional: Marcélia Cartaxo foi a primeira, em 1985, com A Hora da Estrela. O filme foi relançado em cópia restaurada no Festival do Rio. De Cajazeiras até a remiação em Berlim, ela conta histórias do filme. 
Tudo começou com o grupo de teatro Terra, do qual Marcélia fazia parte em Cajazeiras, e que revelou também Nanego Lira, Soia Lira, Eliézer Rolim e Luiz Carlos Vasconcelos. O grupo estava em São Paulo para três apresentações em um evento. “A gente recebeu uma proposta para fazer o Mambembão, onde peças do Nordeste se apresentavam no sul e as de lá vinham para cá”, lembra a atriz. O espetáculo chamava-se Beiço de Estrada, escrito e dirigido por Eliézer Rolim. A diretora Suzana Amaral, já em busca da protagonista de sua versão para o livro de Clarice Lispector, estava na plateia.
Suzana assistiu às apresentações com o ator paraibano José Dumont, que já estava escalado no elenco, e convidou Marcélia para viver Macabéa. O ano era 1982 e Marcélia tinha 18 anos. Foram precisos mais dois para a diretora conseguir o financiamento da Embrafilme. Enquanto isso, as duas foram se correspondendo. “Ela foi me dirigindo por carta”, recorda Marcélia. “Eu costurei uma camisola feita de saco de açúcar que uso no filme, ela me disse para ir à periferia para observar as Macabéas”.
Marcélia ainda não tinha lido A Hora da Estrela e ganhou um exemplar de Suzana Amaral. “Eu achava o livro muito confuso. Tinha a história de Macabéa e Olímpio, mas também a do narrador”, conta Marcélia. “Clarice era considerada uma escritora difícil de adaptar. Mas li o livro umas 20 vezes”. Mesmo com essa preparação, os produtores exigiram que a paraibana se submetesse a um teste e disputasse o papel com outras atrizes. “Quando fiz o teste, eles ficaram todos enlouquecidos”, recorda. “Foi a cena em que Macabéa datilografa e come um pão com salsicha e a salsicha escapole do pão. Suzana só foi me dar o roteiro quando passei no teste”.
Enquanto o resto do elenco – o velho amigo José Dumont, Fernanda Montenegro, Tamara Taxman, Denoy de Oliveira – foi hospedado em um hotel, Marcélia ficou isolada em um quarto na produtora. “Ninguém podia falar comigo, me tocar. No set, eu tinha que ficar em uma cadeira, voltada para a parede! Tudo pra eu não perder a brejeirice”, conta.
Depois do filme pronto, a primeira parada de A Hora da Estrela foi o Festival de Brasília, no final de 1985. Foram 12 prêmios, incluindo filme, melhor atriz, para Marcélia, e melhor ator, para José Dumont. Em fevereiro de 1986, foi a vez do Festival de Berlim. Marcélia teve que conseguir dinheiro e roupas para enfrentar o frio da Europa.
Lá, enfrentou mais problemas. “O filme passava no segundo dia. No dia da exibição, resolvemos ir de ônibus do hotel para o cinema. Aí, fui agredida no ônibus por um homem, que ficou me batendo. Depois que ele desceu, soubemos que era um neurótico de guerra que achou que eu era turqueza”, lembra. Depois da exibição, o público alemão na rua a confundia, mas com a própria Macabéa – tal foi a repercussão de seu trabalho.”Eu só podia ficar seis dias e o cônsul perguntou se a gente precisava de alguma coisa. Eu disse: "Quero ficar até o fim do festival".
No dia da premiação, Marcélia estava hospeada na casa de uma brasileira. Suzana, que estava no hotel, a chamou. “Ela me disse: "Marcélia, senta aí". A diretora revelou que A Hora da Estrela ganhou três prêmios: o prêmio Ocic (da Organisation Catholique Internationale du Cinéma et de l’Audiovisuel), o prêmio Cicae (da Confédération Internationale des Cinémas d’Art et d’Essai Européens) e o de melhor atriz.
O prêmio foi entregue por Gina Lollobrigida, presidente do júri. “Ela disse que ficou muito chocada com o filme e perguntou se aquilo existia mesmo no Brasil. E eu respondi que haviam centenas de Macabéas em São Paulo”, conta Marcélia.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Miguel dos Santos



Esse vídeo registra a visita dos alunos de arquitetura do professor-arquiteto, Expedito de Arruda, ao ateliê do artista plástico, Miguel dos Santos. Originalmente gravado em formato VHS, o vídeo fazia parte da Exposição Itinerante do IV Centenário da Paraíba, ocorrido em 1985. A cópia da fita da exposição tem destino ignorado. A presente edição foi feita a partir da fita original VHS, com ligeiros ajustes de croma.

Depoimento de Martinho Campos



Vídeo realizado no auditório do Sebrae, após a exibição do documentário sobre a trajetória política de Martinho Leal Campos, durante a ditadura militar. O documentário teve a direção de Mirabeu Dias e participação de professores da UFPB, como: Genival Veloso de França, João Batista de Brito, Humberto Fonsêca, Natanael Hohr, Wilson Marinho.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Primeiro de Abril, Antes e Depois de 1964

Wills autografa exemplares do livro, "Primeiro de Abril, Antes e Depois de 1964".

O escritor Wills Leal nasceu em 18 de setembro de 1936. Preso durante a Ditadura Militar ao ser confundido com a pessoa que lançou uma bomba no Aeroporto dos Guarapes, Wills conta essa e outras histórias em livro. Na noite de 1º de abril de 2014, Wulls Leal faz o lançamento do livro, "1º de Abril Antes e Depois de 64", na rampa do Tropical Hotel Tambaú, em João Pessoa, No convite, por telefone, Wills avisa que o lançamento não teria discurso. Também, não teria coquetel, em obediência a Lei Seca. O autor, que é presidente da Academia Paraibana de Cinema, narra na obra diversos acontecimentos da época de maneira bem humorada. 
“Acredito que as pessoas vão gostar do texto porque é um texto que inova a partir de uma concepção literária e a partir de um conceito de reconstrução histórica e principalmente por que é calcada no bom humor dentro da própria alma brasileira”, disse o autor.

domingo, 30 de março de 2014

Igreja do Almagre de Nossa Senhora de Nazaré

Ruínas do Convento e Igreja do Almagre, tombada pelo Patrimônio Histórico, desde 1938
O Convento e Igreja do Almagre ou, simplesmente Almagre, foi construído em 1598 no séc. XVI em estilo barroco e compreendia a Igreja e o Convento de Nossa Senhora de Nazaré. O conjunto arquitetônico tem forma retangular, e a nave medindo 26 metros de comprimente por 12 metros de largura e 12 metros de altura, com fachada em pedra calcária, assentada com argamassa feita de óleo de baleia, orientada para o Norte geográfico. Na porta central está esculpido um cavaleiro à beira de um penhasco, ferindo um monstro com uma lança. Havia, também, um oratório com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, e na sacristia existia um lavatório talhado em 5 lâminas de pedras sobrepostas, com um golfinho em alto relevo. O púlpito do Almagre é considerado pela UNESCO como único no mundo inteiro. É um dos poucos que existem relacionados à missão indígena em nosso litoral, o mesmo foi idealizado pelos Filhos de São Francisco, que após a retirada dos Filhos de Santo Inácio, assumiram suas missões nos aldeamentos.  Os aldeamentos indígenas funcionaram até 1762.  Apesar da riqueza enorme para a Paraíba, é lamentável ver um conjunto de ruinas, se deteriorando, mesmo sendo tombado pelo IPHAN desde 1938, ainda no Governo de Getúlio Vargas. O conjunto arquitetônico se encontra entre as praias do Bessa e do Poço, na praia hoje denominada de Ponta de Campina, inexistente a época.
Desde 1974, tenho fotografado essas ruínas, mostrando a evolução de sua deterioração. 

sábado, 29 de março de 2014

Hidroavião na Praia do Jacaré

A praia do Jacaré, do rio Paraíba, já teve pousos de hidroaviões. Havia até hidroporto onde o hidroavião, embarcava passageiros. Antes, o acesso para embarque era feito por canoa. Na foto o Monsenhor Marcos Trindade, embarca para Roma, para se ordenar Padre, em 1948. O hidoaavião seguia para o Rio, com escalas em Recife e Salvador. Foto do acervo do Monsenhor Trindade.

terça-feira, 25 de março de 2014

Zé Ramalho no IV Centenário da Paraíba


Num depoimento gravado em VHS, Zé Ramalho fala da arte e dos artistas diante dos quatrocentos anos de fundação da Paraíba. Esse depoimento gravado em vídeo doméstico, fazia parte da exposição itinerante que percorria o Estado em comemoração ao IV Centenário. A fita editada pertencente a exposição, tem destino ignorado, restando apenas a matriz em VHS, da qual se extraiu essa versão.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Espaço Cultural Unipê

Manoel Batista, Afonso Pereira (in memoriam), Flávio Colaço, Marcos Trindade, Padre Trigueiro.
Solenidade de inauguração do Espaço Cultural Unipê, no dia 12 de março de 2004.Planejado para abrigar múltiplas atividades artísticas e culturais, o Espaço Cultural compreende, auditório e palco, galeria de arte e salas multimeios. A programação de inauguração do Espaço Cultural Unipê teve início às 8h30, com hasteamento das bandeiras. Em seguida, o arcebispo Dom Marcelo Pinto Carvalheira, concelebrou uma missa e fez a bênção da capela. Logo depois, às 10 horas, aconteceu o descerramento da placa de inauguração. 
Em seguida, o grupo de teatro, o conjunto de Câmara e o Coral Universitário do Unipê fizeram apresentações especiais para o público.

sábado, 22 de março de 2014

Unhandeijara Lisboa - Xilogravador



O artista plástico - gravador, Unhandeijara Lisboa de Carvalho (mais conhecido como Nandí), fala a repórter Sandra Bárcia, em uma entrevista gravada em vídeo VHS no ano de 1985. Nandí critica a organização das comemorações dos quatrocentos anos de fundação da Paraíba e fala do seu trabalho.
Esta gravação foi pioneira, na utilização de vídeo na Paraíba e fez parte de um audiovisual exibido no stand da exposição itinerante, que percorreu todo o Estado. O vídeo produzido para a exposição tem destino ignorado, restando as imagens originais em fita VHS, da qual foi extraído este raro e exclusivo depoimento. 
Unhandeijara Lisboa é presidente do Clube da Gravura da Paraíba, reconhecido através da Lei Estadual N. 7.547 de 29 de abril de 2004, como de utilidade pública. A mesma Lei institui o dia 14 de outubro como o Dia Estadual da Gravura, na Paraíba.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Fotógrafos em Extinção

Um dos últimos fotógrafos de rua da Praça Aristides Lobo. ©Guy Joseph - 2005
Lamentavelmente, os fotógrafos de rua da Capital da Paraíba, estão desaparecendo do cenário das praças. É claro que a culpa recai sobre a tecnologia digital, onde cada pessoa já dispõe de uma câmera ou celular equipados com novidade tecnológica, dispensando os serviços dos populares, “lambe-lambes”. Estes, já faziam parte da paisagem urbana, com sua “arte" posta ao alcance de todos, desde os primórdios da fotografia. Quem não se utilizou dos préstimos de tais profissionais, quando numa emergência (precisando de uma foto 3X4), para algum documento da nossa vasta e rica gama de papéis da burocracia institucionalizada? Não estamos defendendo o retrocesso nem a volta da fotografia analógica, mas poderíamos preservar a atividade dos fotógrafos de rua, como uma curiosidade turística (mesmo utilizando tecnologia digital), prestando o serviço para os visitantes que quisessem um registro romântico e personalizado de sua passagem pela paraíba. Por que não capacitá-los, para enfrentar os desafios, aproveitando as novas tecnologias com criatividade, adequando o exercício da atividade utilizando modernos métodos, como a revelação  de fotos em impressoras jato de tinta adaptadas para o sistema Bulk ink? Só para lembrar: Paris está repleta de artistas de rua, de todos os gêneros de arte, que vendem suas obras, com a maior dignidade. Por que nós, não?

quinta-feira, 13 de março de 2014

Flávio Tavares Faz 50 Anos de Carreira

O artista plástico Flávio Tavares, em 2013, completou 50 anos de carreira artística. Para registrar a data gravamos esse vídeo entrevista, que servirá de piloto para futuros depoimentos de outros artistas paraibanos que estarão presentes no BIS-Banco da Imagem e do Som..

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Espaço Cultural José Lins do Rego

  

Estruturas metálicas do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa-PB 1982. Na época, a construção gerou a rejeição, por parte de setores do mundo artístico e intelectual, que consideravam a iniciativa "um elefante branco" - Foto: Engenheiro Hélio Magalhães (falecido). Acervo: Enarq Engenharia

Guy Joseph em solenidade no Palácio da Redenção, quando recebeu o prêmio pela criação da Logomarca do Espaço Cultural José Lins do Rego. Novembro/1981 Na foto: a Secretária de Educação Giselda (ao microfone), o ex-governador Tarcíso Burity e Jovani Paulo Neto. Fotógrafo presumível: José Bezerra.


Logomarca premiada em concurso público, destinada ao Espaço Cultural José Lins do Rego - Funesc de autoria do designer gráfico Guy Joseph. 1981

sábado, 4 de janeiro de 2014

Um Inventor da Paraíba

              [MY_SELF&INVENT3.jpg]

























As Medalhas em Genebra e Londres, do ano 2000.  Reginaldo Marinho exibe um módulo do seu invento. 

Reginaldo Marinho é um inventor brasileiro, 65 anos, natural da Paraíba, detentor de duas das cinco medalhas de ouro ganhas pelo Brasil em salões europeus de tecnologia. Admirado por engenheiros e arquitetos do mundo inteiro, por ter desenvolvido uma tecnologia de estrutura feita inteiramente com plástico reciclado, está decepcionado com a atenção que recebe em seu próprio país. Aqui, o inventor espera (há 10 anos), ver seu reconhecido projeto tornar-se realidade, mas mantêm esperanças de ver galpões, hangares e até centros de compras serem construídos com seu material, sustentável do ponto de vista ambiental.
A invenção de Reginaldo é um prisma triangular com medidas de 500 milímetros nos lados e de 100 milímetros de altura, feito de uma resina produzida com a reciclagem de garrafas PET. Em cálculos e simulações estruturais, o material mostrou-se extremamente estável.
“O material propicia uma sinergia muito grande entre dois fundamentos da estrutura: o arco de compressão e as treliças. No estudo da resistência, levando-se em conta fenômenos como torção, flambagem e peso próprio, por exemplo, o prisma apresentou coeficientes superiores a 2.8, quando o necessário é 1”, conta, com entusiasmo, o paraibano.
Professor da Universidade Federal da Paraíba, aos 18 anos de idade, por notório saber, ele foi o primeiro colocado no edital Prime – Primeira Empresa Inovadora, lançado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Recebeu R$120 mil para custear recursos humanos qualificados e serviços de consultoria especializada em estudos de mercado, serviços jurídicos, financeiro, certificação e custos, entre outros, durante 12 meses.
“Gostei de ganhar o edital, mas acredito que contratar uma empresa de marketing é o meu menor problema. Preciso de recursos para construir protótipos. Para esse problema, que é crucial, o governo ainda não encontrou solução”, diz.
Os prismas de Marinho são estruturas modulares que, quando combinadas, permitem a formação de coberturas cilíndricas sem a necessidade de utilização de estrutura metálica. Outra vantagem do material, que o torna ainda mais sustentável, é, que, por ser totalmente translúcido, consegue capturar a luz externa sem absorver calor para o interior da construção.
“A eficiência energética é a questão central da humanidade atualmente. Além de utilizar a luz natural, há outro aproveitamento importante. Por ser de plástico, o prisma funciona como as duas estruturas necessárias para cobrir as placas fotovoltaicas, utilizadas na captação de energia solar”, explica.
Em um país como o Brasil, que contém áreas com baixa densidade populacional (região amazônica, por exemplo), essas estruturas podem ajudar a fornecer conforto, luz e internet para inúmeras comunidades isoladas. Como também podem ser construídos hangares com os prismas, a própria segurança das fronteiras do país, na região, pode ser reforçada.
Outra aplicação deverá ser em estádios de futebol. A Copa de 2014, no Brasil, seria uma oportunidade para a discussão da ideia. “As placas translúcidas permitirão estádios cobertos e não prejudicarão a fotossíntese dos gramados. Um jogo só é bom se tiver um gramado adequado e conforto para os espectadores”, completa. Marinho, que já possui a patente da sua invenção pretende continuar a divulgar o projeto pelo país. 
“Será a primeira construção totalmente transparente no mundo. Os estrangeiros estão tentando chegar lá, mas ainda não conseguiram. Construções como o Palácio de Cristal, em Londres, o Estádio Olímpico de Munique, e o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, utilizaram a transparência como elemento lúdico, mas todos possuem elementos metálicos em suas estruturas”, diz. 
Além de inventor, Reginaldo Marinho é fotógrafo, atividade que desempenha com o mesmo talento e criatividade. Publicou um livro de fotografias, "Verde Que te Quero Ver", sobre a Capital da Paraíba.




Relógio comemorativo aos 500 Anos do Descobrimento do Brasil, instalado pela Rede Globo na praia de Tambaú-PB. A criação de Hans Donner acabou gerando protestos da sociedade (contra a poluição visual), culminando com a desmontagem e retirada do equipamento.Foto digital: ©Guy Joseph/2003.



Jornalista Severino Ramos, Presidente da API, em entrevista ao Jornal A União de 07/09/1981. Na foto: Severino (Biu), Ramos, Walter Galvão (esquerda), Wellington Farias e Agnaldo Almeida. Foto: Guy Joseph


Imagem raríssima de 1935 da Praça Venâncio Neiva e do Pavilhão do Chá. Ao fundo, o palacete do Barão de Abiahy (hoje, Delegacia Regional do Trabalho). Fotógrafo desconhecido. Acervo: Edival Toscano Varandas.


Quartel do Corpo de Bombeiros de Campina Grande (final dos anos 50), durante visita do Cel. Elias Fernandes. Fotógrafo desconhecido. Arquivo: Guy Joseph



Foto aérea do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba (1964), antes das obras de ampliação.Na imagem, se pode ver os trilhos do Bonde, que passava em frente ao Tribunal. Fotógrafo desconhecido. Arquivo: Enarq Engenharia.


Dia 1º de janeiro de 1965, o governador da Paraíba, Pedro Moreno Gondim recebia Oficiais do Batalhão da Polícia Militar, cujos militares, foram levar os votos de Ano Novo ao então Governante.Fotógrafo desconhecido. Arquivo: Guy Joseph 


Parada de 7 de setembro de 1965, no contorno da Lagoa do Parque Solon de Lucena. Desfile de veículos da Polícia Militar do Estado da Paraíba. Fotógrafo desconhecido. Arquivo: Guy Joseph


Coquetel no restaurante do Paraíba Pálace Hotel, em comemoração à vitória de Ronaldo Cunha Lima (nas eleições de 1990), para o governo do Estado da Paraíba. Na foto, Anne Elisabeth, Fernando Catão e Ronaldo Cunha Lima. Foto: Gilvan Gomes. Acervo: Enarq Engenharia


A professora Maria Bernadette Pereira Cavalcanti e a Francesa Jaqueline Charmont. Bernadette foi uma das fundadoras da antiga Cultura Francesa (1950). Foto: Manoael Cavalcanti. Arquivo: Guy Joseph.


Celso Almir Japiassú e Hugo Caldas, atores do antigo Teatro do Estudante da Paraíba (1956). Arquivo: Hugo Caldas



O BANCO DA IMAGEM & DO SOM - BIS retoma uma antiga ideia que não conseguiu sensibilizar (na época), as autoridades culturais da Paraíba.
O projeto do BIS (que previa ser instalado fisicamente em dependências do Espaço Cultural), foi transformado em blog e ficou um bom tempo abandonado sem atualização, por falta de estímulo, motivação e apoio. A ideia é tão simples e óbvia, que fica difícil acreditar na falta de interesse e na indiferença dos que, à priori, deveriam zelar pela nossa memória e história contemporânea. O BIS foi inspirado no conhecido Museu da Imagem e do Som - MIS inaugurado em 3 de setembro de 1965, como parte das comemorações do IV Centenário da cidade do Rio de Janeiro. Essa instituição inaugurou um gênero pioneiro de museu audiovisual, que seria seguido em outras capitais e cidades brasileiras. Além de ter se qualificado como centro de documentação de música e imagem, foi também um centro cultural de vanguarda nas décadas de 60 e 70 do século XX, lugar de encontros e de lançamento de ideias e novos comportamentos. O BIS foi concebido com um importante e fundamental diferencial, abandonando o conceito de "museu" e adotando a ideia de um banco de dados onde todos podem depositar e sacar valiosas informações. Dentro desse conceito, assumimos o compromisso de dar prioridade ao registro das ações e das obras de personalidades do mundo artístico, intelectual, social, cultural e político, ainda vivas. O Banco da Imagem & do Som-BIS pretende otimizar a coleta de dados da nossa época atual, visando a sua preservação de forma dinâmica, utilizando os mais diversificados meios tecnológicos na armazenagem de dados. 

Todo e qualquer material audiovisual pode ser enviado por e-mail. Após uma análise isenta, da relevância do conteúdo, o material será postado no blog. Não será excercida nenhum tipo de censura.

Contatos: guyjosephfotografo@gmail.com